7.5.11
15.3.11
26.2.11
Chega de democracia | Joel Neto | www.joelneto.com
Sábado de manhã em casa dos papás... Estar na cama a manhã toda é uma utopia, tendo em conta que nesta casa toda a gente acorda com as galinhas e às 8.30h já há corrupio para o pequeno almoço. Há sempre leitinho e cevada quentes. Há sempre bolachinhas e marmelada da minha mãe. Há sempre o Jornal de Notícias do dia.
Lá pego no jornal, mas recuso-me a começar pelas desgraças anunciadas na primeira página. Viro-o sempre ao contrario e desfolho-o de trás para a frente. Passo as páginas referentes ao desporto, ou melhor, ao futebol, infelizmente já passei a fase em que o desporto rei me encantava e onde costumo demorar mais tempo é nas páginas da cultura. Fecho o jornal e passo para a NS. Não tenho conseguido esperar pela Segunda ou Terça no Diploma. Aliás, os meus almoços por lá têm escasseado nos últimos tempos.
Também na NS começo pelo fim... Manias. E lá procuro a crónica de Joel Neto (que simpaticamente me deixa transcrever os seus textos aqui neste sítio. Sim, porque eu acho que se deve pedir autorização ao autor de qualquer obra, para a difundir, seja em que sítio for!)
Ora, habituei-me a ler estes textos semanalmente. Claro que há uns com os quais me identifico mais do que com outros, mas regra geral, todos eles têm o dom de me arrancar gargalhadas ( o “Tubarões de Aquário” não, porque me tocou numa ferida ainda recente e ainda não foi desta que consegui rir). O texto de hoje fez-me viajar pelas memórias...
Dei por mim nas aulas de código, quando o instrutor debitava anedotas do Fernando Rocha, o que fazia as delícias das trabalhadoras das fábricas da região que já tinham reprovado cinco vezes no exame. Acho que nenhuma delas se atreve a conduzir pelas ruas da capital, mas se calhar à personagens semelhantes por lá.
Dei por mim na minha primeira aula de condução em plena nacional 1 no apogeu das suas obras (já lá vão quase oito anos mas outro dia constatei que as obras continuam) e nos coitados dos condutores que seguiam atrás de mim... Terapia de choque logo no primeiro dia!
Dei por mim no exame de condução quando um colega, homem, decidiu ignorar o sinal STOP mesmo à saída da DGV-Aveiro, para o qual tinha sido euforicamente lembrado no dia anterior, e que lhe custou a reprovação imediata.
Dei por mim quando conduzia o meu AYGO de nome Bolinhas com a inconsciência tão típica de quem não tinha ainda sofrido um acidente a sério.
Dei por mim no parque de estacionamento da Alfândega do Porto, às 24h de uma noite de Agosto a mudar um pneu, com uns tacões de 12 cm e com um mini-vestido, nuns incríveis 4m37s enquanto dois caramelos apostavam dentro do seu carro se eu seria capaz ou não.
E dei por mim ontem à noite a fazer a viagem Guimarães-Gaia sozinha e a pensar o quanto me estava a sentir maçarica e insegura a conduzir... E hoje de manhã, pimba! Dou com este texto que me fez pensar que se eu fosse considerada condutora de segunda, será que me deixavam trocar o trajecto casa, colégio por casa, veterinário? E o casa, centro comercial da região (que aqui na zona do grande Porto seria complicado tendo em conta a quantidade de catedrais de consumo que por aqui existem) por casa, baixa da cidade?
Divirtam-se e vejam o que o trânsito pode fazer aos nervos de uma pessoa...
“Já se sabe que as mulheres, na sua generalidade, conduzem muito mal. Mas as mulheres têm desculpa: são mulheres. Na verdade, não há nada menos sexy do que uma mulher conduzir tão bem que um tipo não possa sequer mandar-lhe um piropo ao ponto de embraiagem. Um homem conduzir tão mal como uma mulher é que simplesmente não tem justificação. E, porém, aí estão eles, atravancando a cidade – já não apenas durante a semana (e a todo o instante, de dia e de noite, à hora de ponta e fora dela, com chuva persistente e sob o mais belo sol, como ainda há três anos chegamos a ter), mas agora aos fins-de-semana também.
Pois, por mim, é altura de dizer basta. Se está mesmo decidido que, em vez de irem comprar travesseiros a Sintra, os condutores da chamada Grande Lisboa vão passar a inundar todos os sábados à tarde a Baixa de cidade, onde aparentemente é muito mais divertido conduzir à chuva com o carro cheio de velhotes, então há que tomar medidas. E eu proponho, desde já, a oficialização de dois estatutos diferentes entre os automobilistas (peço desculpa pela terminologia, mas isto é a sério), sob a competente supervisão da Direcção-Geral de Viação (DGV): um com o nome ‘Condutores de Primeira’ e outro com o nome ‘Condutores de Segunda’.
Um Condutor de Segunda, homem ou mulher, seria autorizado apenas três trajectos diferentes: de casa até ao trabalho, de casa até ao colégio dos miúdos e de casa até ao centro comercial da sua área de residência. Se quisesse combinar mais do que um destes trajectos numa só viagem, era-lhe automaticamente permitido fazê-lo, a bem da poupança de energia e da protecção do ambiente. Em querendo ir, por exemplo, passear para a Baixa ao fim-de-semana, já teria de pedir autorização. Se a ideia fosse ir no domingo à terra buscar chouriços e água-pé, também, mas nesse caso sem termo para o regresso. Tanto quanto à DGV dissesse respeito, a repovoação da província seria incentivada.
Já um Condutor de Primeira poderia andar por todo o lado. Para manter esse estatuto de Condutor de Primeira, porém, teria de deixar a carta de condução a salvo de pontos de penalização, igualmente atribuídos pela DGV. Deixar o carro ir abaixo num semáforo dava três pontos. Guiar a 30 km/h num local onde fosse permitido guiar a 50 km/h, cinco pontos. Entupir o acesso aos bairros históricos, na presunção de que, pedindo verdadeiramente com jeitinho, o grunho da EMEL acabaria por abrir a cancela, sete pontos. E parar de repente no meio da estrada ao sentir algum tipo de perigo (mesmo que fictício), como os camaleões param e se disfarçam e ficam ali muito quietinhos a ver se o predador não dá por eles, dez pontos. Com cinco pontos, um Condutor de Primeira perdia provisoriamente o estatuto, sendo forçado, ao fim de três meses, a novo teste de condução. Com dez, perdia-o de vez, confinando-se irremediavelmente aos três trajectos dos Condutores de Segunda: trabalho, colégio e shopping.
Ou então, pronto, as pessoas percebiam que conduzir um automóvel não é tarefa para todos. E percebiam, sobretudo, que a chamada ‘condução defensiva’ não tem nada que ver com ir mais devagarinho, com pensar mais vezes no sítio para onde virar ou conferir durante mais tempo se é seguro seguir em frente. Eu não gosto de carros e muito menos me excita a velocidade, o seu fernesi, o seu suposto ‘ganda estilo’. Mas sei que tudo o que importa no trânsito, como em tantas outras coisas, é o ritmo. Condução segura é aquela que se alimenta da razão, mas funciona no campo da intuição. Condução segura é aquela em que se sente a estrada e se pressente a aproximação do cruzamento – e em que, por essa altura, já se pôs o pisca e se diminuiu a velocidade e se encostou à esquerda, mesmo sem se dar por isso. Condução segura é aquela em que se percebe que andar devagar de mais é pelo menos tão perigoso como andar depressa demais – e que nunca, por nunca ser, parar é uma opção.
Mas é claro que, se tão poucos o perceberam em mais de cem anos de automóveis, não é pela conversa que vamos lá. Aqui fica, portanto, o meu projecto de reorganização do Estado. Já se têm fundado partidos políticos por bem menos. Em todo o caso, estão nesta crónica anos de vida – todos eles perdidos no desnecessariamente absurdo trânsito de Lisboa.”
Joel Neto
CRÓNICA ("Muito Bons Somos Nós")
NS', 26 de Fevereiro de 2011
www.joelneto.com
Lá pego no jornal, mas recuso-me a começar pelas desgraças anunciadas na primeira página. Viro-o sempre ao contrario e desfolho-o de trás para a frente. Passo as páginas referentes ao desporto, ou melhor, ao futebol, infelizmente já passei a fase em que o desporto rei me encantava e onde costumo demorar mais tempo é nas páginas da cultura. Fecho o jornal e passo para a NS. Não tenho conseguido esperar pela Segunda ou Terça no Diploma. Aliás, os meus almoços por lá têm escasseado nos últimos tempos.
Também na NS começo pelo fim... Manias. E lá procuro a crónica de Joel Neto (que simpaticamente me deixa transcrever os seus textos aqui neste sítio. Sim, porque eu acho que se deve pedir autorização ao autor de qualquer obra, para a difundir, seja em que sítio for!)
Ora, habituei-me a ler estes textos semanalmente. Claro que há uns com os quais me identifico mais do que com outros, mas regra geral, todos eles têm o dom de me arrancar gargalhadas ( o “Tubarões de Aquário” não, porque me tocou numa ferida ainda recente e ainda não foi desta que consegui rir). O texto de hoje fez-me viajar pelas memórias...
Dei por mim nas aulas de código, quando o instrutor debitava anedotas do Fernando Rocha, o que fazia as delícias das trabalhadoras das fábricas da região que já tinham reprovado cinco vezes no exame. Acho que nenhuma delas se atreve a conduzir pelas ruas da capital, mas se calhar à personagens semelhantes por lá.
Dei por mim na minha primeira aula de condução em plena nacional 1 no apogeu das suas obras (já lá vão quase oito anos mas outro dia constatei que as obras continuam) e nos coitados dos condutores que seguiam atrás de mim... Terapia de choque logo no primeiro dia!
Dei por mim no exame de condução quando um colega, homem, decidiu ignorar o sinal STOP mesmo à saída da DGV-Aveiro, para o qual tinha sido euforicamente lembrado no dia anterior, e que lhe custou a reprovação imediata.
Dei por mim quando conduzia o meu AYGO de nome Bolinhas com a inconsciência tão típica de quem não tinha ainda sofrido um acidente a sério.
Dei por mim no parque de estacionamento da Alfândega do Porto, às 24h de uma noite de Agosto a mudar um pneu, com uns tacões de 12 cm e com um mini-vestido, nuns incríveis 4m37s enquanto dois caramelos apostavam dentro do seu carro se eu seria capaz ou não.
E dei por mim ontem à noite a fazer a viagem Guimarães-Gaia sozinha e a pensar o quanto me estava a sentir maçarica e insegura a conduzir... E hoje de manhã, pimba! Dou com este texto que me fez pensar que se eu fosse considerada condutora de segunda, será que me deixavam trocar o trajecto casa, colégio por casa, veterinário? E o casa, centro comercial da região (que aqui na zona do grande Porto seria complicado tendo em conta a quantidade de catedrais de consumo que por aqui existem) por casa, baixa da cidade?
Divirtam-se e vejam o que o trânsito pode fazer aos nervos de uma pessoa...
“Já se sabe que as mulheres, na sua generalidade, conduzem muito mal. Mas as mulheres têm desculpa: são mulheres. Na verdade, não há nada menos sexy do que uma mulher conduzir tão bem que um tipo não possa sequer mandar-lhe um piropo ao ponto de embraiagem. Um homem conduzir tão mal como uma mulher é que simplesmente não tem justificação. E, porém, aí estão eles, atravancando a cidade – já não apenas durante a semana (e a todo o instante, de dia e de noite, à hora de ponta e fora dela, com chuva persistente e sob o mais belo sol, como ainda há três anos chegamos a ter), mas agora aos fins-de-semana também.
Pois, por mim, é altura de dizer basta. Se está mesmo decidido que, em vez de irem comprar travesseiros a Sintra, os condutores da chamada Grande Lisboa vão passar a inundar todos os sábados à tarde a Baixa de cidade, onde aparentemente é muito mais divertido conduzir à chuva com o carro cheio de velhotes, então há que tomar medidas. E eu proponho, desde já, a oficialização de dois estatutos diferentes entre os automobilistas (peço desculpa pela terminologia, mas isto é a sério), sob a competente supervisão da Direcção-Geral de Viação (DGV): um com o nome ‘Condutores de Primeira’ e outro com o nome ‘Condutores de Segunda’.
Um Condutor de Segunda, homem ou mulher, seria autorizado apenas três trajectos diferentes: de casa até ao trabalho, de casa até ao colégio dos miúdos e de casa até ao centro comercial da sua área de residência. Se quisesse combinar mais do que um destes trajectos numa só viagem, era-lhe automaticamente permitido fazê-lo, a bem da poupança de energia e da protecção do ambiente. Em querendo ir, por exemplo, passear para a Baixa ao fim-de-semana, já teria de pedir autorização. Se a ideia fosse ir no domingo à terra buscar chouriços e água-pé, também, mas nesse caso sem termo para o regresso. Tanto quanto à DGV dissesse respeito, a repovoação da província seria incentivada.
Já um Condutor de Primeira poderia andar por todo o lado. Para manter esse estatuto de Condutor de Primeira, porém, teria de deixar a carta de condução a salvo de pontos de penalização, igualmente atribuídos pela DGV. Deixar o carro ir abaixo num semáforo dava três pontos. Guiar a 30 km/h num local onde fosse permitido guiar a 50 km/h, cinco pontos. Entupir o acesso aos bairros históricos, na presunção de que, pedindo verdadeiramente com jeitinho, o grunho da EMEL acabaria por abrir a cancela, sete pontos. E parar de repente no meio da estrada ao sentir algum tipo de perigo (mesmo que fictício), como os camaleões param e se disfarçam e ficam ali muito quietinhos a ver se o predador não dá por eles, dez pontos. Com cinco pontos, um Condutor de Primeira perdia provisoriamente o estatuto, sendo forçado, ao fim de três meses, a novo teste de condução. Com dez, perdia-o de vez, confinando-se irremediavelmente aos três trajectos dos Condutores de Segunda: trabalho, colégio e shopping.
Ou então, pronto, as pessoas percebiam que conduzir um automóvel não é tarefa para todos. E percebiam, sobretudo, que a chamada ‘condução defensiva’ não tem nada que ver com ir mais devagarinho, com pensar mais vezes no sítio para onde virar ou conferir durante mais tempo se é seguro seguir em frente. Eu não gosto de carros e muito menos me excita a velocidade, o seu fernesi, o seu suposto ‘ganda estilo’. Mas sei que tudo o que importa no trânsito, como em tantas outras coisas, é o ritmo. Condução segura é aquela que se alimenta da razão, mas funciona no campo da intuição. Condução segura é aquela em que se sente a estrada e se pressente a aproximação do cruzamento – e em que, por essa altura, já se pôs o pisca e se diminuiu a velocidade e se encostou à esquerda, mesmo sem se dar por isso. Condução segura é aquela em que se percebe que andar devagar de mais é pelo menos tão perigoso como andar depressa demais – e que nunca, por nunca ser, parar é uma opção.
Mas é claro que, se tão poucos o perceberam em mais de cem anos de automóveis, não é pela conversa que vamos lá. Aqui fica, portanto, o meu projecto de reorganização do Estado. Já se têm fundado partidos políticos por bem menos. Em todo o caso, estão nesta crónica anos de vida – todos eles perdidos no desnecessariamente absurdo trânsito de Lisboa.”
Joel Neto
CRÓNICA ("Muito Bons Somos Nós")
NS', 26 de Fevereiro de 2011
www.joelneto.com
20.2.11
Jantares vs Ginásios
Ontem foi dia de jantar entre amigos cá em casa. Gosto de os ter cá, ir para a cozinha e experimentar receitas novas, gargalhar com as conversas e com as brincadeiras... Normalmente, estes jantares são sempre sinónimo de alguém a dormir no sofá da sala, na caminha desdobrável da IKEA, no colchão do campismo e nos sacos-cama ao final da noite. São também sinónimo de papinha feita com muito carinho, que às vezes corre melhor do que outras e das bebidas que os visitantes trazem...
Ontem não foi excepção. E tendo em conta que a semana passada me mandaram duas vezes para o ginásio, hoje, e apesar do cheesecake que ainda repousa no frigorifico, é dia de fazer o balanço das extravagâncias feitas com os patés, as saladas, o arroz no forno, o cheese e a mousse de ovos... Para além do sumo de uva e daquela coisa chamada amêndoa amarga que me fizeram provar nas últimas férias em Lisboa e que ontem me obrigaram a beber e que juro nunca mais pôr na boca!
Enfim... Entre alguns amigos recentemente rendidos aos encantos do ginásio e das meias-maratonas (o que Lx faz às pessoas), lembrei-me que já vou a caminho dos quatro meses sem fazer exercício físico.
Nunca fui adepta de ginásios, apesar de ter estado inscrita num deles durante algum tempo. Nunca percebi o encanto de ir correr numa passadeira em frente a uma parede pintada de amarelo ovo, quando se tem a sorte de estar geograficamente perto de uma marginal ao pé do mar onde se pode respirar ar não condicionado e de borla! Também nunca percebi o fascínio das salas de máquinas de musculação... O que fazia quando ia ao ginásio eram as aulas em grupo e mesmo o ambiente que se vivia nessas aulas, propiciou a minha rápida desmotivação na frequência de uma famosa cadeia de ginásios de logótipo vermelho...
Desde pequenina que pratico desporto... Desporto a sério! Com princípio meio e continuação! Nada de devaneios repentinos com o único intuito de preparar o corpinho de Verão... Lembro-me da minha primeira paixão desportiva... A ginástica artística... Seguiu-se o ballet clássico... Passei pela esgrima, pelo volei, pelo basquete, apesar da minha mísera altura e até pelo rugby! E dei uma perninha no futebol... Minha nossa, as coisas que já fiz! Identifiquei-me com cada um deles e experimentei uma data de outros sem qualquer tipo de sucesso, no ténis por exemplo, sou uma nódoa. No andebol, nódoa sou. Na natação, que ao contrario do ténis e do andebol até gosto bastante, só me safo a nadar de costas, pelo menos dizem que tenho um estilo quase perfeito!
Mais uma vez, enfim... Nesta minha nova condição de doentinha das costas e do pescoço vou tentar descobrir um novo desporto que me permita passar esta fase, enquanto não posso voltar a dançar, a esticar-me, a exercitar cada músculo do meu corpo até ao limite... E quando isto passar, esperam-me as sapatilhas de pontas, a prancha de bodyboard, a ginástica na praia... (E aí meu caro, vamos ver quem é que manda quem para o ginásio! ;D)
Ontem não foi excepção. E tendo em conta que a semana passada me mandaram duas vezes para o ginásio, hoje, e apesar do cheesecake que ainda repousa no frigorifico, é dia de fazer o balanço das extravagâncias feitas com os patés, as saladas, o arroz no forno, o cheese e a mousse de ovos... Para além do sumo de uva e daquela coisa chamada amêndoa amarga que me fizeram provar nas últimas férias em Lisboa e que ontem me obrigaram a beber e que juro nunca mais pôr na boca!
Enfim... Entre alguns amigos recentemente rendidos aos encantos do ginásio e das meias-maratonas (o que Lx faz às pessoas), lembrei-me que já vou a caminho dos quatro meses sem fazer exercício físico.
Nunca fui adepta de ginásios, apesar de ter estado inscrita num deles durante algum tempo. Nunca percebi o encanto de ir correr numa passadeira em frente a uma parede pintada de amarelo ovo, quando se tem a sorte de estar geograficamente perto de uma marginal ao pé do mar onde se pode respirar ar não condicionado e de borla! Também nunca percebi o fascínio das salas de máquinas de musculação... O que fazia quando ia ao ginásio eram as aulas em grupo e mesmo o ambiente que se vivia nessas aulas, propiciou a minha rápida desmotivação na frequência de uma famosa cadeia de ginásios de logótipo vermelho...
Desde pequenina que pratico desporto... Desporto a sério! Com princípio meio e continuação! Nada de devaneios repentinos com o único intuito de preparar o corpinho de Verão... Lembro-me da minha primeira paixão desportiva... A ginástica artística... Seguiu-se o ballet clássico... Passei pela esgrima, pelo volei, pelo basquete, apesar da minha mísera altura e até pelo rugby! E dei uma perninha no futebol... Minha nossa, as coisas que já fiz! Identifiquei-me com cada um deles e experimentei uma data de outros sem qualquer tipo de sucesso, no ténis por exemplo, sou uma nódoa. No andebol, nódoa sou. Na natação, que ao contrario do ténis e do andebol até gosto bastante, só me safo a nadar de costas, pelo menos dizem que tenho um estilo quase perfeito!
Mais uma vez, enfim... Nesta minha nova condição de doentinha das costas e do pescoço vou tentar descobrir um novo desporto que me permita passar esta fase, enquanto não posso voltar a dançar, a esticar-me, a exercitar cada músculo do meu corpo até ao limite... E quando isto passar, esperam-me as sapatilhas de pontas, a prancha de bodyboard, a ginástica na praia... (E aí meu caro, vamos ver quem é que manda quem para o ginásio! ;D)
16.2.11
10.2.11
Pancho Guedes em Lisboa | Peter Rich em Barcelona
Agora chamem-lhe "motricidade fina" | Joel Neto | www.joelneto.com
A minha última segunda-feira não foi fácil... Aliás, a semana não tem primado pelo facilitismo. Mas o sol quentinho que se fez sentir pela cidade berço no primeiro dia da semana (o Domingo para mim é o último) e o almoço na esplanada do Diploma serviu para retemperar as forças que a manhã me tinha levado.
Foi aliás neste restaurante que descobri as crónicas de Joel Neto na NS, revista que acompanha o Jornal de Notícias (e o Diário de Notícias penso eu) aos Sábados e que se tornaram na leitura obrigatória de um dos meus primeiros dias da semana, enquanto espero pela refeição que o sr. Nelson há-de trazer. Não sei porquê, mas lê-las no Diploma, na revista que já foi manuseada por quinhentas mãos e que data de alguns dias antes tem mais encanto.
Ora aqui vai a transcrição do texto que me fez sorrir, gargalhar e até fazer uma lista daquilo que sei e que não sei fazer e do que me orgulho e do que não me orgulho... Prometo que mal encontre o carregador da máquina fotográfica partilho uma foto do bolo mármore e da lista...
“Não julguem que não estou alerta para o problema. Sei bem que os tempos mudaram, que as mulheres tiveram de aprender uma série de novas competências, que aprender novas competências lhes levou todo o tempo que haviam destinado a cultivar melhor as velhas e que, basicamente, é bastante normal, hoje em dia, uma mulher não saber coser um botão. Mas há uma diferença significativa entre uma mulher não saber coser um botão e essa mulher sentir orgulho em não saber coser um botão, o que será pelo menos tão triste como um homem ter de chamar o reboque por causa de um pneu furado e, ainda por cima, envaidecer-se disso.
Não me entendam mal: sou eu quem cose os meus botões, quando eles se desprendem. E sou eu quem, não tendo a empregada deixado camisas passadas, liga o ferro de engomar e faz os possíveis. E sou eu quem, dois ou três dias por semana, vai para a frente do fogão. Acho as Marias-rapazes sexy e, portanto, sempre fiz um esforço por, em compensação, ser um pouco prendado também. Mas uma coisa é um homem decorar a sala porque quer e uma mulher acender uma lareira porque lhe apetece. Outra é esse homem ter de decorar a sala porque não sabe acender a lareira e essa mulher ter de acender a lareira porque a simples ideia de decorar a sala lhe ofende o espírito, lhe coarcta a individualidade, lhe ameaça a independência.
Hoje em dia, vivemos rodeados de convenções. Antes também vivíamos, mas, em tudo o que interessa a esta crónica, as convenções eram melhores. Uma mulher mesmo a sério sabia fazer uma bainha, cozinhar um bolo mármore, tricotar uma camisola. Uma mulher mais ou menos sabia pelo menos coser um botão, fazer uma canja e decorar a sala. O mesmo com os homens. Um homem mesmo a sério sabia estrovar um anzol, disparar uma caçadeira, bater um sand wedge. Um homem mais ou menos sabia pelo menos mudar um pneu, acender uma lareira e abrir uma garrafa de vinho. Entretanto, comia-se melhor, porque havia sempre bolo mármore na cozinha. Fazia-se talvez menos sexo oral, mas por outro lado ele não estava tão banalizado. Quando ocorria, era uma festa – e pela vizinhança, em sabendo-se, morria-se de inveja. No essencial, vivia-se menos, mas melhor.
Aqui há uns dias precisei de uma broca de 6mm com ponta de diamante. Em processo de mudanças – vocês já devem estar fartos de crónicas com mudanças, mas juro que fiquei com dados para continuar nisto até 2012 –, fui à caixa de ferramentas e encontrei quarenta e nove brocas de todos os tipos e tamanhos, mas nenhuma de 6mm com ponta de diamante. Entretanto, era domingo, pelo que me restavam três soluções: desistir de pendurar os quadros, ir para um shopping fazer sardinha em lata ou pedir uma broca emprestada a um vizinho. Telefonei a nove. Dois não estavam. Dois não tinham berbequim. E cinco nem sequer tinham ferramentas: quando precisavam de pregar um prego, apertar uma porca ou vedar um azulejo, chamavam um profissional ou então legavam a avaria às gerações vindouras. O que talvez fosse mau sinal sobre a minha vizinhança se não se passasse o mesmo com as outras vizinhanças todas, na cidade e até na província, onde a escassez de homens a sério é ainda mais gritante.
Porque um homem a sério não tem de ter apenas um escadote, um berbequim e uma caixa de parafusos: um homem a sério tem mesmo de ter uma aparafusadora eléctrica para, no fim, apertar aqueles parafusos com segurança e conforto. Dir-me-ão os mais incautos, convencidos de que me apanharam agora em falta: “Ah-há! Uma aparafusadora eléctrica. Homem que é homem aparafusa à mão!” Tontice. Um homem a sério tem uma ferramenta para cada propósito e não faz de forma artesanal nada que possa fazer electricamente, como os profissionais. Bem vistas as coisas, um homem a sério podia ter a casa toda em reparações e, porém, ficar ali sentado a tarde inteira, a ver as suas máquinas trabalharem sozinhas. No limite, até ganhava tempo para estrovar anzóis.
Deu-me fome, esta conversa. E sabem que mais? Eu efectivamente tenho um bolo mármore quentinho na cozinha. Bem o mereço: há duas semanas que deixei a aparafusadora eléctrica a apertar parafusos no quarto de arrumos.”
Joel Neto
CRÓNICA ("Muito Bons Somos Nós")
NS', 5 de Fevereiro de 2011
www.joelneto.com
Foi aliás neste restaurante que descobri as crónicas de Joel Neto na NS, revista que acompanha o Jornal de Notícias (e o Diário de Notícias penso eu) aos Sábados e que se tornaram na leitura obrigatória de um dos meus primeiros dias da semana, enquanto espero pela refeição que o sr. Nelson há-de trazer. Não sei porquê, mas lê-las no Diploma, na revista que já foi manuseada por quinhentas mãos e que data de alguns dias antes tem mais encanto.
Ora aqui vai a transcrição do texto que me fez sorrir, gargalhar e até fazer uma lista daquilo que sei e que não sei fazer e do que me orgulho e do que não me orgulho... Prometo que mal encontre o carregador da máquina fotográfica partilho uma foto do bolo mármore e da lista...
“Não julguem que não estou alerta para o problema. Sei bem que os tempos mudaram, que as mulheres tiveram de aprender uma série de novas competências, que aprender novas competências lhes levou todo o tempo que haviam destinado a cultivar melhor as velhas e que, basicamente, é bastante normal, hoje em dia, uma mulher não saber coser um botão. Mas há uma diferença significativa entre uma mulher não saber coser um botão e essa mulher sentir orgulho em não saber coser um botão, o que será pelo menos tão triste como um homem ter de chamar o reboque por causa de um pneu furado e, ainda por cima, envaidecer-se disso.
Não me entendam mal: sou eu quem cose os meus botões, quando eles se desprendem. E sou eu quem, não tendo a empregada deixado camisas passadas, liga o ferro de engomar e faz os possíveis. E sou eu quem, dois ou três dias por semana, vai para a frente do fogão. Acho as Marias-rapazes sexy e, portanto, sempre fiz um esforço por, em compensação, ser um pouco prendado também. Mas uma coisa é um homem decorar a sala porque quer e uma mulher acender uma lareira porque lhe apetece. Outra é esse homem ter de decorar a sala porque não sabe acender a lareira e essa mulher ter de acender a lareira porque a simples ideia de decorar a sala lhe ofende o espírito, lhe coarcta a individualidade, lhe ameaça a independência.
Hoje em dia, vivemos rodeados de convenções. Antes também vivíamos, mas, em tudo o que interessa a esta crónica, as convenções eram melhores. Uma mulher mesmo a sério sabia fazer uma bainha, cozinhar um bolo mármore, tricotar uma camisola. Uma mulher mais ou menos sabia pelo menos coser um botão, fazer uma canja e decorar a sala. O mesmo com os homens. Um homem mesmo a sério sabia estrovar um anzol, disparar uma caçadeira, bater um sand wedge. Um homem mais ou menos sabia pelo menos mudar um pneu, acender uma lareira e abrir uma garrafa de vinho. Entretanto, comia-se melhor, porque havia sempre bolo mármore na cozinha. Fazia-se talvez menos sexo oral, mas por outro lado ele não estava tão banalizado. Quando ocorria, era uma festa – e pela vizinhança, em sabendo-se, morria-se de inveja. No essencial, vivia-se menos, mas melhor.
Aqui há uns dias precisei de uma broca de 6mm com ponta de diamante. Em processo de mudanças – vocês já devem estar fartos de crónicas com mudanças, mas juro que fiquei com dados para continuar nisto até 2012 –, fui à caixa de ferramentas e encontrei quarenta e nove brocas de todos os tipos e tamanhos, mas nenhuma de 6mm com ponta de diamante. Entretanto, era domingo, pelo que me restavam três soluções: desistir de pendurar os quadros, ir para um shopping fazer sardinha em lata ou pedir uma broca emprestada a um vizinho. Telefonei a nove. Dois não estavam. Dois não tinham berbequim. E cinco nem sequer tinham ferramentas: quando precisavam de pregar um prego, apertar uma porca ou vedar um azulejo, chamavam um profissional ou então legavam a avaria às gerações vindouras. O que talvez fosse mau sinal sobre a minha vizinhança se não se passasse o mesmo com as outras vizinhanças todas, na cidade e até na província, onde a escassez de homens a sério é ainda mais gritante.
Porque um homem a sério não tem de ter apenas um escadote, um berbequim e uma caixa de parafusos: um homem a sério tem mesmo de ter uma aparafusadora eléctrica para, no fim, apertar aqueles parafusos com segurança e conforto. Dir-me-ão os mais incautos, convencidos de que me apanharam agora em falta: “Ah-há! Uma aparafusadora eléctrica. Homem que é homem aparafusa à mão!” Tontice. Um homem a sério tem uma ferramenta para cada propósito e não faz de forma artesanal nada que possa fazer electricamente, como os profissionais. Bem vistas as coisas, um homem a sério podia ter a casa toda em reparações e, porém, ficar ali sentado a tarde inteira, a ver as suas máquinas trabalharem sozinhas. No limite, até ganhava tempo para estrovar anzóis.
Deu-me fome, esta conversa. E sabem que mais? Eu efectivamente tenho um bolo mármore quentinho na cozinha. Bem o mereço: há duas semanas que deixei a aparafusadora eléctrica a apertar parafusos no quarto de arrumos.”
Joel Neto
CRÓNICA ("Muito Bons Somos Nós")
NS', 5 de Fevereiro de 2011
www.joelneto.com
6.2.11
O Tico e o Teco tecem considerações sobre tectos...
A maioria dos que por aqui passam, sabem que há cerca de três meses tive um acidente de viação, com tudo a que um acidente de viação tem direito. Bombeiros, ambulância, imobilização, máscara de oxigénio, cobertor de alumínio, sirene a entoar aquele barulho agudo insuportável, entrada de rompante no serviço de urgência... E umas horas valentes a deambular pelos corredores, gabinetes e salas do hospital.
A maioria dos que por aqui passam, também sabem que duas semanas após o acidente, fui submetida a uma cirurgia e que os últimos tempos têm sido passados com visitas periódicas a ambientes hospitalares, naquela que está a ser uma recuperação demasiado lenta para o ritmo a que estou habituada a viver, mas pelos vistos normal perante a “brincadeira” que fui arranjar.
Numa situação normal faria quinhentas coisas ao mesmo tempo. Correria entre Guimarães e Porto, mergulhava em projecto e dava aulas de ballet, fazia uns rabiscos para participar em concursos e fotografava qualquer coisa que me chamasse a atenção... Ia para a cozinha e inventava uma sobremesa, corria pela praia com a Margarida, marcava um voo qualquer da Ryanair e ia passear, fazia exercício físico e... Espreguiçava-me! As saudades que eu tenho de me espreguiçar sem medo que venha a sobrar alguma das peças da minha coluna e do meu pescoço...
Mas pronto, agora tenho de encontrar outras situações normais... E como estar de papo para o ar, de olhos fixos no tecto durante dias tinha de ser complementado, o meu Tico e o meu Teco decidiram começar a tecer considerações sobre... O tecto! Ou melhor, sobre os tectos que vi pelos hospitais por onde passei e que me fizeram companhia durante as longas horas em que estive deitada numa maca ou numa cama.
Quando for grande quero ser arquitecta. E quando for uma grande arquitecta quero ser capaz de projectar um hospital! Um hospital com tectos sem manchas de humidades e de vapores. Um hospital com tectos sem serem revestidos de materiais foleiros e feios. Um hospital com tectos revestidos de texturas e cores que estimulem o positivismo de um paciente que esteja em pânico porque não sente os pés e porque as mãos estão a formigar. Um hospital com tectos pontuados de imagens serenas que ajudem as frases “tem calma, vai correr tudo bem... É só susto...” a fazerem algum sentido e a perecerem um bocadinho reais... Um hospital com tectos que não tenham sido condicionados por limites de orçamento e onde eu possa espalhar obras dos meus artistas plásticos favoritos... Um dia vou poder fazer os tectos que me apetecerem porque toda a gente merece coisas boas em situações muito más...
A maioria dos que por aqui passam, também sabem que duas semanas após o acidente, fui submetida a uma cirurgia e que os últimos tempos têm sido passados com visitas periódicas a ambientes hospitalares, naquela que está a ser uma recuperação demasiado lenta para o ritmo a que estou habituada a viver, mas pelos vistos normal perante a “brincadeira” que fui arranjar.
Numa situação normal faria quinhentas coisas ao mesmo tempo. Correria entre Guimarães e Porto, mergulhava em projecto e dava aulas de ballet, fazia uns rabiscos para participar em concursos e fotografava qualquer coisa que me chamasse a atenção... Ia para a cozinha e inventava uma sobremesa, corria pela praia com a Margarida, marcava um voo qualquer da Ryanair e ia passear, fazia exercício físico e... Espreguiçava-me! As saudades que eu tenho de me espreguiçar sem medo que venha a sobrar alguma das peças da minha coluna e do meu pescoço...
Mas pronto, agora tenho de encontrar outras situações normais... E como estar de papo para o ar, de olhos fixos no tecto durante dias tinha de ser complementado, o meu Tico e o meu Teco decidiram começar a tecer considerações sobre... O tecto! Ou melhor, sobre os tectos que vi pelos hospitais por onde passei e que me fizeram companhia durante as longas horas em que estive deitada numa maca ou numa cama.
Quando for grande quero ser arquitecta. E quando for uma grande arquitecta quero ser capaz de projectar um hospital! Um hospital com tectos sem manchas de humidades e de vapores. Um hospital com tectos sem serem revestidos de materiais foleiros e feios. Um hospital com tectos revestidos de texturas e cores que estimulem o positivismo de um paciente que esteja em pânico porque não sente os pés e porque as mãos estão a formigar. Um hospital com tectos pontuados de imagens serenas que ajudem as frases “tem calma, vai correr tudo bem... É só susto...” a fazerem algum sentido e a perecerem um bocadinho reais... Um hospital com tectos que não tenham sido condicionados por limites de orçamento e onde eu possa espalhar obras dos meus artistas plásticos favoritos... Um dia vou poder fazer os tectos que me apetecerem porque toda a gente merece coisas boas em situações muito más...
2.2.11
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